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Teoria da Dependência: Aporte Teórico-Estrutualista

Os teóricos estruturalistas analisam a tese da dependência sob o aspecto econômico das relações entre os países ricos e pobres, considerando ser este fator o principal motivo do subdesenvolvimento das nações de economia agro-exportadora, e da perpetuação desta condição. Esta teoria sofre influência de alguns economistas do século XIX como o alemão Friedrich List e o americano Henry Carey, que consideravam que “o livre comércio poderia ser um bem para os países altamente industrializados, mas um mal para os países relativamente sub-desenvolvidos, já que necessitavam proteger suas indústrias nascentes, contra seus competidores estrangeiros mais fortes. A falta de proteção pioraria a situação de subdesenvolvimento dos países menos industrializados e os condenaria a um estado de pobreza a longo prazo”.[1] Estas constatações encontraram eco no século seguinte, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente nas décadas de 1950-60 através da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), organismo especializado do Conselho Econômico e Social da ONU, com sede em Santiago do Chile. A teoria da dependência cepalina afirmava que os países de economia avançada dominavam as relações de troca no comércio mundial e, através de suas empresas multinacionais, impunham aos países do Terceiro Mundo o chamado ‘desenvolvimento desequilibrado’, ou seja, estas nações teriam a pauta de suas exportações voltadas quase que exclusivamente para matérias-primas e outras mercadorias de baixo teor de processamento, enquanto que as nações desenvolvidas monopolizariam o comércio mundial de produtos manufaturados e de maior valor agregado.
Um dos principais expoentes desta teoria foi o argentino Raúl Prebisch, que considerava a riqueza existente no Hemisfério Norte diretamente ligada à pobreza do Sul. Ele ao desenvolver sua teoria alternativa do comércio internacional introduziu os termos ‘centro’ para designar os países ricos e ‘periferia’ para designar as nações pobres. Para Prebisch, os países periféricos permaneceriam dependentes das economias centrais, na medida que os preços dos produtos agrícolas e das matérias-primas, base das exportações desses países, tendiam secularmente a baixar, enquanto o preço dos produtos manufaturados tendia a estabilizar-se e mesmo subir. O que era agravado pela desproporção existente entre o comércio exterior entre os países da periferia e os do centro, enquanto a maioria das exportações das nações pobres se destinava às nações ricas, a menor parte das importações destas, eram para as economias periféricas. Isto dava uma grande autonomia para os países de centro nas suas relações de comércio exterior, enquanto que os países do Terceiro Mundo sofriam com os efeitos recessivos de uma economia atrelada às importações das nações ricas. Prebisch, concluiu que os países periféricos de economia agro-exportadora deveriam implementar um amplo processo de substituição de importação, isto é, investir na diversificação, melhoria e aumento da produção local, para suprir a sua própria demanda. Esta teoria, escreve Odete Maria de Oliveira[2], “sempre permaneceu viva no fundo do cenário mundial, retornando no final do século XX como teoria revitalizada em contraponto ao avanço acelerado do fenômeno da globalização da economia mundial”, e mesmo atualmente suas premissas são válidas, pois devido à globalização da economia, vemos que as economias periféricas ainda sofrem com a dependência dos países de centro, em particular naqueles momentos em que suas economias experimentam a força das influências externas, alterando seu processo de desenvolvimento interno.
[1] Deutsch, Karl Wolfgang. Análise das Relações Internacionais, p. 300. [2] Oliveira, Odete M. de, Relações Internacionais: Estudos de Introdução, pp. 112-117.

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