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Comentários Sobre Resultados Eleitorais no Paraná entre 1992 e 2004

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO VOTO NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS PARANANESES ( 1992 - 2004 ) As eleições de 1992 no Paraná tiveram um cenário de disputa partidária mais heterogêneo que a anterior, catorze partidos elegeram representantes para o comando do executivo de algum município. Nesta oportunidade o grande vencedor foi o PMDB, elegendo 138 prefeitos, seguido pelo PP (62), PDT (40) e pelo PFL (39). Considerando a votação obtida, podemos concluir que o PMDB se mostrava um partido mais institucionalizado que os demais. Mesmo elegendo um número de candidatos bem maior que as outras legendas, a variação nas votações obtidas por seus representantes foi menor que o verificado no PDS e no PTB. Três fatores contribuíram para essa diferença, a existência de candidatos personalistas nestas duas legendas e a capilaridade da estrutura partidária do PMDB no Estado e o fato deste partido ser o mesmo do Governador do Estado, na ocasião Roberto Requião. A disputa eleitoral em 1996 foi menos acirrada, com um número menor de partidos elegendo prefeitos. Mas a diferença mais clara em relação à eleição anterior se dá no número de candidatos que cada partido elege. O PMDB que havia sido o maior agraciado com o voto do eleitorado em 1992, fica na segunda colocação em 96 com 74 prefeitos eleitos. Isto ocorre devido ao ótimo desempenho do PDT que elegeu 111 prefeitos, impulsionado, como o PMDB na eleição anterior, pelo comando do executivo estadual, que naquele momento estava sob a responsabilidade de Jaime Lerner, líder do PDT no estado. Em 2000 temos uma nova configuração na distribuição do voto, o PSDB que nas eleições anteriores vinha crescendo progressivamente no estado (14 prefeituras em 1992 e 73 em 96), sai desta eleição com o maior número de prefeitos eleitos, 96 no total. Diferente de PMDB e PDT que em 92 e 96 contavam com o apoio do governo do estado, o PSDB de 2000 era oposição ao Governador Reeleito Jaime Lerner, que havia se transferido para o PFL, partido que ficou em segundo lugar no número de prefeitos eleitos, 85 ao todo. Nesta eleição como nas anteriores, verifica-se que alguns partidos possuem uma tendência ao personalismo, devido à grande variabilidade nos votos obtidos por seus prefeitos eleitos, este é o caso do PTB e do PFL. Esta tendência se confirma na eleição de 2002, mesmo que a grande variabilidade na votação dos eleitos neste momento não tenha sido verificada apenas nestes dois partidos, com o PP, o PDT, e mesmo o PT e o PSDB tendo uma grande variação na votação obtida por seus candidatos. Nesta eleição o PMDB volta a figurar como o partido que elegeu mais prefeitos, 119 no total, mais que o dobro do PSDB, segundo colocado com 50 prefeituras. Os fatores que contribuíram para esse sucesso foram praticamente os mesmo de 1992, uma estrutura partidária bem capilarizada no estado e o apoio do governo estadual, novamente a cargo de Roberto Requião.Analisando os dados das eleições selecionadas ainda podemos tecer mais alguns comentários. No Paraná os adversários mais ferrenhos são o PMDB e o PSDB, nas ultimas três eleições dos dois partidos sempre estiveram entre os três que mais elegeram prefeitos. O PTB e o PP (PPB) são partidos que sempre obtém um resultado mediano, o que demonstra que estes partidos possuem uma estrutura partidária bem organizada no estado. Vemos ainda que o PT foi a legenda que mais cresceu proporcionalmente, passando progressivamente de um prefeito eleito em 1992 para 29 em 2002, apesar de ser pouco institucionalizado no estado. A baixa institucionalização também se verifica no PFL, que em outros estados é uma das principais forças, mas no Paraná não consegue um resultado expressivo sem que fatores conjunturais lhe auxiliem, caso do governo Jaime Lerner em 2000 que contribuiu para o partido ser o segundo mais votado.
DISTRIBUIÇÃO DO VOTO DA CANDIDATURA DE LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA NO PARANÁ EM 1998 E 2002 Em 1998, Luis Inácio Lula da Silva (PT), disputava sua terceira eleição para a presidência do Brasil. Concorria com outros candidatos ao cargo, além de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que naquela circunstância era o chefe do executivo federal. Sua candidatura não logrou êxito, sendo derrotado em primeiro turno pelo candidato tucano. Podemos ter uma perspectiva de como foi esta disputa, analisando a eleição no estado do Paraná. Dos 399 municípios paranaenses, FHC alcançou a vitória em 354 e Lula em apenas 45. Nas cidades em que foi majoritário, Lula teve uma média de 40% dos votos contra 50% de FHC naquelas em que saiu vitorioso. Um dado peculiar da votação do candidato do PT neste pleito é que, a imensa maioria das cidades onde obteve mais votos que seu adversário direto se localiza na região sudoeste do estado. Isto pode ser explicado pela colonização daquela região, onde sua população é composta em grande parte por migrações vindas do Rio Grande do Sul, um estado de tradições mais progressistas que o Paraná, cuja cultura política é mais conservadora. Esta tendência histórica do eleitorado paranaense é contrariada na eleição de 2002, em que Lula alcança a vitória na maioria dos Municípios do estado. Nesta eleição o candidato do PT teve uma votação mais ampla que em 1998, desta vez, os votos em Lula não se concentraram na região sudoeste e se dispersaram por todo o estado. No primeiro turno, ele contou com a preferência do eleitorado de 308 municípios, José Serra (PSDB) seu principal adversário nesta disputa, teve o maior número de votos em 89 das cidades paranaenses, e Anthony Garotinho (PSB) que corria por fora na corrida pela presidência, foi vitorioso em apenas duas cidades. A vitória de Lula se confirmaria no segundo turno, mas por uma margem menor. Serra viu seu desempenho melhorar e conquistou o maior número de votos em 139 municípios, mesmo assim não suplantou Lula que foi o preferido do eleitorado em 260 localidades. Consagrando-se o candidato majoritário no estado, e também nas demais unidades da federação brasileira, Lula se tornou o presidente do país.Esta mudança na decisão do voto do eleitor paranaense na eleição de 2002 em relação à anterior se deve principalmente, ao descontentamento do eleitorado com a gestão de FHC, em particular de seu segundo mandato. Como Serra pertencia ao mesmo partido, o eleitor repudiou a continuidade tucana na condução do país. Outro fator que contribuiu para o êxito de Lula nesta eleição é a mudança de perfil do partido. O PT que sempre havia se notabilizado como um partido notadamente de esquerda, havia dado uma guinada para o centro do espectro ideológico progressista-conservador. Abrindo mão de convicções e propostas históricas, para proclamar um discurso mais ameno e firmar alianças mais amplas, o PT deixou de ser caracterizado como um partido de radicais e passou a ser identificado por seus adversários com jargões sugestivos tais como, “PT cor-de-rosa” e “Lulinha paz-e-amor”. Desfazendo o receio que grande parte do eleitorado tinha do partido e de suas ações ao assumir o poder.

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