Em sua análise dos Regimes Políticos, Duverger considera o Fascismo uma forma de governo variante ao Comunismo, na medida que o primeiro constitui uma forma de reação a este último e se utiliza de processos idênticos, apesar de seus objetivos serem totalmente opostos. Estes regimes são semelhantes no âmbito político, ambos possuem os mesmos elementos de base: a adoção de partido único (o que compreende a ausência de eleições verdadeiras e o cerceamento das liberdades individuais) e o policiamento político (visando eliminar as forças de oposição). Apesar de Fascismo e Comunismo possuírem estas semelhanças, o que os conjuntamente caracteriza como sendo regimes totalitários, eles possuem muito mais diferenças do que pontos em comum. Mesmo no campo político há divergências, pois o Fascismo é um sistema de Governo idealizado para permanecer, que não possui em suas próprias avaliações, uma razão para terminar, sendo que o Socialismo é transitório, a violência empregada durante o período da “ditadura do proletariado” é apenas o recurso necessário para a aniquilação da classe burguesa e do fim da “exploração do homem pelo homem”. Atingida esta meta, este período se extinguiria por si mesmo e de forma natural daria lugar a uma sociedade livre, sem classes e qualquer tipo de coerção, o Comunismo. Suas oposições também são de ordem ideológica, econômica e social. No primeiro aspecto divergente, o Comunismo acredita na bondade inata do homem, na idéia de coletividade, solidariedade e igualdade, e atribui à desorganização social os males da humanidade e não à natureza dos indivíduos; o Fascismo ao contrário, vê na maioria dos indivíduos, pessoas incapazes de gerir suas próprias vidas e cheias de defeitos de caráter, ao restante dos indivíduos (uma pequena elite) caberia a dominação e orientação desta massa, o que demonstra também as feições aristocráticas deste regime. No que tange a área econômica suas posições continuam díspares, o comunismo propõe uma economia socializada, em que os meios de produção estão sob o comando do Estado (absorvendo totalmente os lucros e sendo responsável pela regulamentação da distribuição), por outro lado nos regimes fascistas a economia é dirigida, as bases capitalistas do setor financeiro e produtivo são mantidas, cabendo ao Estado sua regulamentação e orientação. Por fim, estes dois sistemas se diferenciam em relação à origem das classes dirigentes, no Comunismo ela tende a ser composta basicamente por pessoas oriundas do proletariado, ao passo que no Fascismo esta classe é formada essencialmente de pessoas vindas de uma elite política ou econômica.
DUVERGER, Maurice. Os Regimes Políticos. Coleção Saber Atual, Difusão Européia do Livro: São Paulo, SP. 1966.
8 comentários:
What heyday isn't today?
Muito bom!
Adorei!
Excelente professor Godoy, obrigado!
Excelente texto! Muito esclarecedor! Obrigado profº!
Não sei se estou errado, mas o que foi dito sob o conceito de Comunismo é na verdade o conceito de Socialismo. Ditadura do proletariado é Socialismo. O Comunismo não é transitório, é a finalidade da transição feita pelo Socialismo (este sim é transitório). "Uma sociedade livre, sem classes e qualquer tipo de coerção do Estado" é o Comunismo.
Caro Professor Hélio Rubens, desculpe-me se eu confundi tudo que aprendi com este seu belo texto.
Abraço.
LOURENÇO
Caro Lourenço, você está correto, neste trecho sobre o período transitório, onde consta Comunismo o correto é Socialismo. Obrigado por identificar essa falha e possibilitar a correção do texto. Abraço!
Concordo com vc! Acredito nesse equivoco.
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